Há duas coisas na vida que a jovem Millie detesta: em primeiro lugar, levantar-se cedo; em segundo lugar, ir para a escola. O que ela gosta mesmo é de cães, e quer um! Qualquer cão! Todos os dias, sem descanso, pede um à mãe, até que um belo dia... Surpresa! A mãe responde-lhe com um grande "sim!

Sempre que um tema parece demasiado complicado para a literatura infantil, Kitty Crowther apresenta-o com sabedoria, numa história alegre e tratada com simplicidade, humor e ironia através das suas personagens expressivas e coloridas. Desta vez, o tema é a construção da identidade através da satisfação de uma série de requisitos que apenas correspondem à miragem atroz dos papéis sociais. Parece complicado? Bem, não é. É um festim.

Ninguém entre os contemporâneos produziu tantos clássicos instantâneos como Crowther. Álbuns como “Ana del lago”, “Theo y Dios” e “Nada y yo” têm a magia assombrosa dos contos de fadas persas através de um crivo europeu e altamente pessoal, sem renunciar ao desconforto e à desesperança: ou seja, dirigindo-se às crianças como seres inteligentes. Mesmo nos álbuns mais humorísticos, como a fábula em verso “Farwest”, ouve-se uma voz hipnótica e algo perturbadora que nada tem a ver com o resto. Ela é a rainha atual, sem dúvida, e o seu universo, o mais fascinante da literatura juvenil contemporânea.