Zoe pergunta a Joana sobre Pardalita
Pardalita, da editora Planeta Tangerina faz parte da coleção "Dois Passos e Um Salto", para adolescentes e outros leitores mais velhos. Neste artigo a autora Joana Estrela responde às perguntas colocadas pela Zoe (10 anos).
outubro de 2023
Leitor pergunta ao autor
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Zoe:
Ofereceram-me este livro na minha festa de 10 anos e li-o rapidamente, quando acabei de o ler, li-o vezes sem conta.
Depois disto pedi à minha mãe para me comprar os restantes livros da coleção "Dois Passos e Um Salto" que já eram para a minha idade.
Adorei o livro, porque não é uma estória de amor clássica, porque é actual, porque fala sobre o teatro e eu identifico-me com isso, também gosto muito das ilustrações e por fim da forma como está escrito!
Quanto de verídico tem a história Pardalita?
Joana:
A história é 21,7% verídica! Eheheh Bem, comecei a escrever a partir de uma história real que me contaram, e que serviu de inspiração para o começo do livro. Há algumas coisas com as quais me identifico com a Raquel, apesar de não sermos nada parecidas. Mas eu também vivi numa cidade pequena e senti a pressão de toda a gente saber de todos, e acho que a Luísa também é uma mistura de todas as minhas melhores amigas de infância! Por isso, há coisas que vêm de trás que me influenciaram. Mas também houve coisas que fui procurar na vida real, de propósito para escrever sobre elas. Por exemplo, fui assistir a ensaios de um grupo de Teatro, e fiz aquele caminho que elas fazem por Lisboa, e tirei muitas notas.
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Zoe:
Acho que a minha parte preferida é o desenvolvimento da história até ao ponto em que elas se conhecem, como trabalhaste essa parte da história?
Joana:
Antes do Pardalita eu só escrevia quando tinha uma ideia, e isso não estava a funcionar num livro tão grande porque eu não tinha sempre ideias. Tive de aprender a sentar-me e começar a escrever mesmo quando não sabia o que é que ia escrever. Comecei a andar com um caderno atrás de mim e a fazer notas de muitas coisas, sem saber se iam ser importantes. E a tentar imaginar os personagens a falarem uns com os outros. Aos poucos fui tendo cenas soltas, que reescrevia e procurava um sítio para elas no livro. Não sei se isto esclarece muito, mas tanto a primeira metade do livro como a segunda foram feitas assim.
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Zoe:
A Pardalita foi o primeiro livro que escreveste para a coleção "Dois Passos e um Salto"? E porque é que escolheste escrever livros para estas idades?
Joana:
Eu acho que nunca escolho escrever um livro para uma determinada idade à partida. Começa com uma ideia para uma história, e depois é que tento ver se se adapta ao catálogo da editora, ou não. Provavelmente o que me fez querer escrever um livro sobre a adolescência foi ter trabalhado no Aqui é Um Bom Lugar, com a Ana Pessoa, que é da mesma colecção. Esse livro abriu muitas portas na minha cabeça para o que um livro pode ser.
Zoe:
Como chegaste à forma de narrativa do livro? E como se consegue a partir de textos pequenos, em modo "diário", ter um livro com princípio, meio e fim?
Joana:
Então, eu sabia que havia certos momentos importantes na história, que eram como marcos no caminho — ela e o namorado acabarem, ela entra no teatro, ir tomar café com a Pardalita... E depois, tinha textos pequenos e soltos que de alguma forma tinham de ligar uma coisa à outra e foi como ir fazendo um puzzle. Foi sempre assim que eu trabalhei mas nunca tinha feito isto numa escala de um livro com 200 e tal páginas, o que sinceramente foi um bocado caótico.
Zoe:
Qual é a escolha entre a escrita e o desenho para explicar um pedaço da história?
Joana:
Escrever um livro que é todo narrado na primeira pessoa tem a vantagem de ser mais fácil encontrar a voz daquela personagem, o texto é imediatamente mais próximo. Mas também tem uma grande desvantagem — tudo o que existe tem de ser visto e filtrado pela Raquel, e torna dificil mostrar coisas que se calhar a própria personagem principal não admite ou não viu. Acho que escolhi desenho principalmente em momentos em que achei que queria mostrar algo além da perspetiva dela.
Dito isto, também há questões que têm a ver com o ritmo do livro. Se havia muitas páginas com texto convinha pôr umas páginas com ilustração ou com a banda desenhada pelo meio, mas isso é uma razão muito menos interessante.
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